terça-feira, 25 de novembro de 2014

Posicionamento do Programa USP Diversidade face aos casos de estupro, machismo, homofobia e racismo na Faculdade de Medicina da USP

Via Coletivo Feminista Geni da FMUSP e
Nem uma (mulher) mais

A pedido da Profª. Drª. Heloísa Buarque de Almeida, coordenadora do Programa Usp Diversidade, divulgamos a nota:

No primeiro semestre deste ano, alunos de diferentes coletivos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, FMUSP, procuraram o Programa USP Diversidade para tratar de casos de estupro, violência de gênero, homofobia e racismo nessa unidade de ensino. Desde então, passamos a acompanhar de perto ações que vem sendo feitas por diferentes instâncias, internas e externas à universidade, na busca de punição para os culpados e de caminhos que promovam o respeito e solidariedade entre todos os membros da comunidade USP. 
 
 Em relação aos estupros e abusos corporais e psicológicos ocorridos na FMUSP, são alarmantes os números de casos e preocupante a omissão e tentativa de ocultamento dos dirigentes dessa instituição. Alunos e alunas da FMUSP relataram ao USP Diversidade perseguições e assédio por terem vindo a público denunciar os abusos cometidos por seus colegas. Em nome da “honra” e da “tradição” da Faculdade de Medicina, e através de rituais de iniciação e hierarquia, promove-se uma comunidade de silêncio, na qual seus membros tornam-se cúmplices de atos criminosos e violentos. 
 
Causa-nos espanto saber que não há nenhum controle da FMUSP sobre as ações realizadas pelo Show Med. Também é irregular que um ambiente da faculdade, chamado “bosque”, seja local para prática de sexo, com a conivência de alunos, professores e funcionários, que optam por silenciar-se. Mais grave, porém, é o fato de estupros declarados terem sido considerados consensuais, mesmo diante de veementes negativas das vítimas.
 
É inegável a importância da FMUSP no cenário acadêmico internacional. Trata-se de uma faculdade com pesquisa de ponta, ações de extensão importantes para todo o país, pioneirismo em áreas centrais, e excelência na graduação e pós-graduação. Se em nome da “honra” e da “tradição” houve tentativas de ocultar os casos de estupro, machismo, homofobia e racismo, a presente situação é uma oportunidade para que a FMUSP honre sua reputação e tome medidas exemplares.

Profª. Drª. Heloísa Buarque de Almeida
Coordenadora do Programa USP Diversidade


Prof. Dr. Ferdinando Martins
Vice-coordenador do Programa USP Diversidade