sábado, 29 de novembro de 2008

Santa Catarina: tragédia esperada

Via O ECO

Aldem Bourscheit
28/11/2008, 18:20


Deslizamentos trazem risco à população
no Morro do Baú, em Luiz Alves. (Foto: Neiva Daltrozo/Secom/SC)


Em março de 2004, Santa Catarina levou um susto com a aproximação do ciclone Catarina. Nos últimos dias, o estado sentiu na pele, novamente, uma amostra de como imprevidência humana amplia o poder de destruição de uma catástrofe natural. O aguaceiro que desabou por lá arrasou encostas, transbordou rios e deixou um saldo, segundo a Defesa Civil, de quase 80 mil desabrigados, uma centena de mortes, 19 desaparecimentos e afetou a vida de 1,5 milhão de brasileiros.

Dados de hoje do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Ciram) daquele estado mostram que a estação meteorológica de Blumenau registrou o recorde histórico de 283 mm em 24 horas, entre os dias 22 e 23. Já em Joinville, choveu mais do que em Blumenau no acumulado até o dia 24 de novembro - 911 mm contra 878 mm. A enxurrada também foi forte em Guaramirim, Ilhota, Gaspar e Luis Alves. Lá, no entanto, não se sabe da quantidade de água despejada pelas nuvens. “É uma pena que não temos os registros das chuvas nestes municípios, que podem ter sido surpreendentes”, lamentou Germano Woehl, coordenador de projetos da não-governamental Rã-Bugio. O aumento da precipitação se encaixa perfeitamente como uma conseqüência das mudanças climáticas.

Um dos municípios mais atingidos pelas enxurradas, Blumenau acaba servindo de exemplo sobre como a ocupação humana desordenada e o desrespeito à legislação ambiental podem catapultar os impactos de uma chuvarada. Mesmo que no município a vegetação ainda resista bravamente, ao contrário do restante da Mata Atlântica catarinense, reduzida a 17% da cobertura original.

A matéria continua.